Para iniciar nosso périplo ferroviário por Buenos Aires, o ponto de partida foi a Estación Palermo, a mais próxima de nosso hotel, o Jam Suites Boutique Hotel, na Malabia 1442. Por mais que os táxis sejam muito baratos na capital argentina, decidimos cobrir a pé os 2,2 quilômetros que nos separavam da estação. Nossa caminhada levou cerca de 25 minutos, com direito a parar para bater várias fotos de casas que mais nos chamaram a atenção — e havia muitas para escolher. E nos permitiu conhecer muito do bairro de Palermo Viejo, embora apenas uma fração do que ele tem a oferecer.
Palermo, com seus dezesseis quilômetros quadrados, é o maior bairro de Buenos Aires. Palermo Viejo é a parte que fica a sudeste da linha do trem (Línea San Martín). Essa região começou a ser ocupada por casas contíguas com grandes jardins compartilhados no início do século XX. Muitas dessas primeiras casas continuam de pé e foram restauradas a partir da década de 1980, passando a ser ocupadas especialmente por artistas, o que dá a fama boêmia a Palermo Viejo, similar à que a Vila Madalena tem em São Paulo. Algumas dessas casas podem ser vistas na foto acima e nas três fotos imediatamente abaixo, todas na rua Gorriti. Difícil imaginar que aqui em São Paulo as mesmas casas já teriam sido derrubadas, provavelmente para dar lugar a um espigão com nome estrangeiro. Hoje em dia essa região também é conhecida como Palermo SoHo, por ficar ao sul (na verdade, a sudeste) de Palermo Hollywood, a parte que fica do outro lado da linha do trem, que ganhou esse nome por ser onde se instalaram várias produtoras e um canal de televisão. SoHo é uma abreviação de “South of Hollywood”, ou “ao sul de Hollywood” em português.
Apesar de boa parte das casas em Palermo Viejo estar em bom ou ótimo estado, ainda se veem casas abandonadas ou em mau estado. Não são muitas, mas não é tão difícil assim encontrar. A primeira foto abaixo é de uma casa na Gorriti; a segunda é de uma casa na esquina das ruas Gorriti e Thames. À medida em que se vai aproximando da linha de trem, é mais fácil encontrar casas em pior estado. Segundo a Wikipédia, Palermo Hollywood, do outro lado da linha, é um bairro “urbanisticamente deprimido”.
Essa característica passou a ser bastante visível quando viramos à direita na Godoy Cruz, rua que segue paralela à linha do trem, que pode ser vista abaixo no ponto onde esta cruza a Gorriti — no fundo à direita, a passagem de nível na rua Honduras.
Com árvores frondosas, a Godoy Cruz tem muita sombra e permite uma caminhada agradável, apesar de boa parte de seu lado esquerdo, o lado da linha, estar bastante degradado, das (poucas) edificações industriais e comerciais às calçadas. Foi ali que encontramos também alguns carros abandonados e depredados. Mas nem isso serve para dar à rua uma sensação de insegurança. Várias das ruas perpendiculares à Godoy Cruz são interrompidas pela linha do trem e continuam do outro lado, já em Palermo Hollywood. As únicas ruas que cruzam são a Gorriti e a Honduras, em passagem de nível, e a Paraguay, por sob um viaduto. A El Salvador e a Costa Rica são interrompidas após um beco, como se pode ver na foto abaixo, tirada na esquina da Costa Rica com a Godoy Cruz. Na segunda foto abaixo, a Paraguay passa sob o viaduto da Línea San Martín.
Antes de se chegar à Paraguay, na esquina com a Nicarágua, pode-se ver um prédio abandonado que já foi ou ainda estava sendo usado como moradia improvisada. Não faço ideia do que esse prédio um dia tenha sido. Ele até lembrava um pouco uma estação de trem, mas, além de ficar afastado da linha, estava próximo demais à Estación Palermo (apenas seis quarteirões). Um pedaço do prédio pode ser visto na foto abaixo.
Para encerrar, uma bela casa que encontramos na rua Emilio Zola, que começa na Godoy Cruz, entre a Soler e a Guatemala, e tem apenas um quarteirão. Pouco depois chegamos à Estación Palermo.
Reparei, quando estive lá faz pouco tempo, que a peste dos que borram as paredes não é exclusividade nossa, embora, pelo que vi, existam em menor número. Se for até lá em abril, para os seis anos dos gêmeos, vou tentar andar um pouco mais a pé, como gosto, e por ser a melhor maneira de conhecer uma cidade, seu povo, seus costumes. abrss
Muito menor número, especialmente em San Isidro, onde imagino que se darão seus passeios a pé. Mas Palermo vale a pena, por ser um bairro histórico, ainda cheio de casass antigas e, principalmente, bonitas. Ainda há inúmeras ruas pelas quais não passamos lá.
Acho que no sábado passou um programa sobre a dificuldades dos proprietários quando do tombamento visando a preservação de seu valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental .
Parece-me que que o Estado não auxilia na preservação e vê-se vários prédios degradados.
Sou leigo no assunto, mas o correto não é a preservação por parte do governo?
abs
O pior é que eles têm razão. O tombamento, em geral, é péssimo para o dono do imóvel, que perde boa parte de seus direitos sobre o mesmo. Não pode reformar sem autorização e, mesmo qu obtenha autorização, várias coisas não podem ser feitas. E não há nenhuma isenção fiscal. O correto seria uma revisão completa na lei de tombamento, para que os prorpietários de imóveis tombados não tenham apenas deveres, mas também direitos. Aí veremos muito mais imóveis tombados, e os proprietários até buscarão o tombamento, ao invés de fugir dele como um vampiro da cruz.
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).