Pseudopapel

De volta ao Estádio Nicolau Alayon

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Na época em que defendi as cores da equipe de futebol de mesa do Nacional Atlético Clube, entre 1995 e 1997, frequentei várias partidas do time de futebol profissional no Estádio Nicolau Alayon, pegando nesse período a frustrada campanha do time na Série A-2 de 1995, quando estava (pouco) fora da zona do rebaixamento após dois turnos, mas sucumbiu no terceiro. A última de que tenho registro foi em 5 de abril de 1997, contra a Internacional de Bebedouro, pela Série A-3 paulista daquele ano. (Entrei em vários jogos sem ingresso, então pode ser que eu tenha ido a algum jogo depois desse.) Nessa partida, não lembro por quê, fiquei com dois ingressos, e um deles nem teve o canhoto destacado. Ficou como recordação. É este logo abaixo.

Ingresso para Nacional × Internacional de Bebedouro, em 5 de abril de 1997

Ingresso para Nacional × Internacional de Bebedouro, em 5 de abril de 1997

Neste sábado, ignorei totalmente as Olimpíadas e fiz meu retorno ao único estádio brasileiro que leva o nome de um estrangeiro, para assistir à partida do Nacional pela quarta rodada da segunda fase da Série B do Campeonato Paulista, eufemismo para a quarta divisão estadual. O Nacional cumpre boa campanha, tendo liderado seu grupo na primeira fase, posição que mantinha na segunda fase após o primeiro turno encerrado, isso sem falar na sequência invicta de dez jogos. O adversário da tarde de sábado seria o lanterna do grupo, o Desportivo Brasil, time artificial de Porto Feliz pertencente à Traffic. Tirei minha camisa do armário e rumei ao estádio.

Como o Nacional originalmente chamava-se São Paulo Railway, por ser o clube dos funcionários da ferrovia homônima, fui pela mesma ferrovia, atualmente a Linha 7-Rubi da CPTM, e desci na Estação Água Branca, a apenas três quarteirões do estádio. Não há na cidade de São Paulo nenhum estádio com uma estação tão próxima. Acesso facilitado e fila mínima para comprar o ingresso de dez reais — ok, aqui o pequeno público ajudou. Com a ajuda do Fernando Martinez, do site Jogos Perdidos, consegui acesso ao gramado para fotografar as equipes, tanto no momento da execução do hino nacional como nas tradicionais fotos posadas.

Equipe do Nacional no jogo contra o Desportivo Brasil (28 de julho de 2012)

Equipe do Nacional no jogo contra o Desportivo Brasil (28 de julho de 2012)

Equipe do Desportivo Brasil que enfretou o Nacional (28 de julho de 2012)

Equipe do Desportivo Brasil que enfretou o Nacional (28 de julho de 2012)

Bola rolando, e o Nacional mostrou ser um time superior, mas não conseguia furar a defesa portofelicense. Ao longo de todo o jogo, foram poucas chances para os dois lados. No primeiro tempo, a primeira grande oportunidade foi do Desportivo Brasil, que perdeu um gol quase embaixo das traves. A resposta ferroviária veio com um forte chute defendido pelo goleiro aos 27 minutos, a primeira foto abaixo. O Nacional abriria o placar um minuto depois, com Alemão aproveitando-se da confusão após cobrança de escanteio da direita. Acabei não conseguindo fotografar o gol, mais preocupado que eu estava naquele momento com uma foto bonita a partir do escanteio, a segunda foto abaixo. Deveria ter seguido fotografando.

Goleiro do Desportivo Brasil faz defesa contra o Nacional

Goleiro do Desportivo Brasil faz defesa contra o Nacional

Escanteio que originou o gol do Nacional contra o Desportivo Brasil

Escanteio que originou o gol do Nacional contra o Desportivo Brasil

Disputa de bola no jogo Nacional × Desportivo Brasil, em 28 de julho de 2012

Disputa de bola no jogo Nacional × Desportivo Brasil, em 28 de julho de 2012

No segundo tempo, o panorama não mudou muito. O Desportivo Brasil teve uma boa chance, defendia pelo goleiro Carlão, mas não incomodou muito. O problema é que o Nacional também quase não ameaçou. O que valeu para a torcida — estimo o público em torno de trezentas pessoas, a ser confirmado quando o boletim financeiro do jogo for publicado no site da Federação Paulista — acabou sendo mesmo a vitória por 1 a 0, que praticamente selou a classificação nacionalista à terceira fase. Após os resultados dos outros grupos, no domingo, a fatura foi fechada, e o NAC tornou-se um dos dois clubes classificados com duas rodadas de antecipação.

Tribunas do Estádio Nicolau Alayon no jogo do Nacional contra o Desportivo Brasil

Tribunas do Estádio Nicolau Alayon no jogo do Nacional contra o Desportivo Brasil

Visão do campo do Estádio Nicolau Alayon a partir da arquibancada norte

Visão do campo do Estádio Nicolau Alayon a partir da arquibancada norte

Placar final de Nacional × Desportivo Brasil em 28 de julho de 2012

Placar final de Nacional × Desportivo Brasil em 28 de julho de 2012

Ao final do jogo, uma cena impensável em jogos do, digamos, “circuito comercial”: pelo menos dez crianças brincando com uma bola no gol que o Nacional tinha atacado no segundo tempo. Enquanto isso, o sol se punha calmamente por trás das tribunas, ao mesmo tempo em que as nuvens praticamente sumiam, deixando o céu num gradiente com praticamente todos os tons entre o azul e o amarelo. Se eu tivesse esperado mais um pouco para bater a foto abaixo, provavelmente eu pegaria todo o espectro entre azul e vermelho, podendo homenagear as cores do Nacional, as mesmas da bandeira britânica, em homenagem ao seu passado como São Paulo Railway Athletic Club.

Tribunas do Estádio Nicolau Alayon durante o pôr-do-sol

Tribunas do Estádio Nicolau Alayon durante o pôr-do-sol

O que estragou a paisagem foram os espigões que hoje se erguem do outro lado da Avenida Marquês de São Vicente, ao lado do Centro de Treinamento do São Paulo Futebol Clube, prédios esses que não existiam quinze anos atrás. A sanha imobiliária chegou já há algum tempo à Água Branca, e o vizinho do Nacional, conhecido como “Terreno da Telefônica”, será em breve trasnformado em um empreendimento tão grande que até criará novas ruas por ali. Já ouvi dizer que o clube estaria ameaçado por essa sanha, embora eu nem imagine como isso possa acontecer. De qualquer maneira, enquanto eu fotografava pelo estádio no intervalo do jogo, um trator passava simbolicamente ao lado de um portão que dáo para o terreno vizinho e nunca é usado. É uma foto emblemática. E, espero, não premonitória.

Acesso fechado do Estádio Nicolau Alayon na direção do antigo "Terreno da Telefônica"

Acesso fechado do Estádio Nicolau Alayon na direção do antigo "Terreno da Telefônica"

7 comentários

Zé Maria Aquino (67)

Puxa, o Naça sempre foi azul e branco. Agora pintaram tudo de vermelho. O que a grana não faz…Os jogos pelo Campeonato Dente de Leite, promovido pela dupla Eli Coimbra e Roberto Petri eram realizados no estádio da rua
Comendador Souza, e eu ia a quase todos, levando meu filho nos ombros. Tempos de Muricy Ramalho. O Naça tinha como craque o Monga – mas contam que quando a molecvada tinha 13/14 anosd ele estava com 17. Era gato, por isso n ão foi adiante. abs

30 de julho de 2012, 18:00

Alexandre Giesbrecht

O Nacional (assim como o SPR) sempre teve o vermelho entre suas cores, para ter as mesmas da bandeira britânica. Mas, de fato, seu uniforme só tem vermelho no escudo e em alguns detalhes dependendo do fabricante.

31 de julho de 2012, 20:49

Zé Maria Aquino (67)

Verdade. Me esqueci. É como o do Corinthians, mas eles não dizem serem tricolores. abrsss

1 de agosto de 2012, 15:41

Douglas Nascimento (14)

Acho que o estádio foi pintado de vermelho em 2010, quando a Kaiser patrocinou um campeonato de futebol ali, lembro que fui assistir a um jogo do Nacional e tinha acabado de ser pintado.

Sábado estarei lá 10:00 para assistir Audax x Juventus pela Copa FPF

Aqui as fotos daquele jogo:
http://www.flickr.com/photos/rurikmac/sets/72157617306405347/

2 de agosto de 2012, 11:36

Zé Maria Aquino (67)

Jogo do jeito que a gente gosta. Força, luta…Gostava de ir na Comendador Souze e na Javari, nas tardes de quarta e domingo. Gostava de ver a torcida do Juventus que perseguia os goleiros adversários atrás do gol, Uma farra. abrss

2 de agosto de 2012, 12:01

Alexandre Giesbrecht

Faz sentido a pintura pela Copa Kaiser. Pelo menos, o Nacional tem o vermelho entre suas cores, tanto é que eu demorei a perceber que originalmente o estádio não era vermelho. Ainda bem que não é a Heineken patrocinando…

2 de agosto de 2012, 20:34

Thiago Leal (9)

Estava pesquisando “Desportivo Brasil”… queria imagem grande, pra poder ver se o logo do time na camisa é bordado ou “impresso” (por sublimação ou sei lá o quê). Quando vi o link dessa foto, pensei “como assim?” Aí vi que era jogo contra o Naça, então fazia sentido :D

7 de janeiro de 2017, 15:31

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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).

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