Meu Carnaval não teve samba ou sambódromo, alegorias ou adereços: teve, na segunda-feira, um passeio de trem com meu pai de Itapevi ao Capão Redondo, passando pelas linhas 8 e 9 da CPTM e pela Linha 5 do Metrô. Uma das paradas que fizemos foi na Estação Sagrado Coração, a segunda para quem sai de Itapevi, que é uma das pontas da Linha 8 (a outra é a Estação Júlio Prestes). Ao longo da Linha 8, vê-se algumas poucas estações com a nova padronização da CPTM, aquela que dá um destaque em demasia ao vermelho corporativo da empresa, algumas com o padrão antigo, quase todo em cinza — a cor oficial antiga da linha, agora conhecida como “diamante” —, e muitas com um padrão ainda mais antigo, em cinza e preto, usado desde os tempos em que ela era operada pela Fepasa.
(Parêntese: esse padrão ainda mais antigo foi o que me deu originalmente a ideia do passeio, pois eu queria ver se por acaso em alguma das estações quase esquecidas pela CPTM ainda havia aquele mapa antigo cuja foto, em baixíssima resolução, postei no texto que falava dos mapas desatualizados da empresa. Minha constatação foi que, sim, os mapas ainda estão lá, mas cobertos por mapas mais recentes, embora nem sempre atualizados.)
Uma dessas estações, a Sagrado Coração, chamou minha atenção, e decidi que, na volta, pararíamos ali para fotografar. A estação, situada no município de Jandira num lugar de difícil acesso por carro, chama a atenção por sua estrutura diferenciada. Há uma longa plataforma, e em uma de suas pontas eleva-se uma estrutura com vigas de aço bastante enferrujadas. Lá em cima estão as catracas e os escritórios. Abaixo das escadas que ligam a entrada da estação à plataforma, que é central, existem banheiros. Além deles, já depois de a plataforma acabar, existe ainda um relógio entre os trilhos, que a maioria das pessoas não vê, pois fica encoberto pelos banheiros. Surpreendentemente, ele estava funcionando.
Quem está na simpática pracinha em frente à entrada da estação tem de subir uma longa escadaria para ter acesso às catracas e depois descer novamente para chegar à plataforma. Não há acesso a deficientes. Nas paredes internas da estrutura, as vigas não apresentam tantos sinais de ferrugem quanto na área externas, mas em uma das paredes é possível notar muita infiltração de água.
Na volta à plataforma, depois de fotografar a área superior, mais uma vez a censura da CPTM veio à tona. Um dos seguranças abordou-me, de maneira bastante cordial, é bom ressaltar, perguntando se éramos de alguma empresa. O detalhe é que desta vez eu estava fotografando com minha câmera mais simples, que não chama nem um pouco a atenção. Eu disse que era tudo para acervo particular, que ele não precisava se preocupar, até porque o regulamento da CPTM não proíbe fotos da maneira como eu estava tirando. A empresa no máximo pede, como já me pediu antes, que não tire fotos das bilheterias e das SSOs, o que respeito. Não tiro fotos desses locais nem para manter em meu computador. A resposta do segurança foi que às vezes eles são cobrados porque alguém vê pelas câmeras de segurança que havia gente batendo fotos. Um claro problema de descentralização de autoridade.
Em tempos de folia e confusão, nada melhor do que um passeio de paz e reconhecimento. Parabéns. abs
As estações Santo Amaro (antiga Largo 13), Engenheiro Cardoso e Sagrado Coração, foram construidas com este tipo de aço que dá a impressão de ferrugem. A COSIPA devia frete para a FEPASA e a maneira da estatal dos trilhos rever seu dinheiro foi com esta proposta da então estatal siderurgica. Na época a Fepasa saiu em diversas revistas de arquitetura por conta da estação Largo 13. As duas da linha 8 não foram assim tão ressaltadas, mas também tinham um destaque frente a fachada de alvenaria das demais.
Interessante a informação, Narciso. Só não tenho certeza sobre a aparência de ferrugem, pois na parte de dentro há muito menos do que do lado de fora.
Muito legal! É uma pena que o transporte ferroviário seja tao marginalizado e desprestigiado no Brasil. Um país tao grande certamente poderia fazer melhor uso das estradas de ferro.
SABE OLHANDO ESSAS FTS ME DEU SAUDADES TANTOS ANOS AI NO SAGRADO AGORA AQUI NA BAHIA É QUEM SABE UM DIA EU VOLTO
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).