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A Estação Ipiranga da CPTM

Estação Ipiranga da CPTM

A Estação Ipiranga da CPTM é uma das mais bonitas dentre as que foram construídas em meados do século XX, mesmo tendo sido desfigurada por grafites relativos à Independência nas paredes das rampas que dão acesso à passarela. (Sacou? Ipiranga? Grito do Ipiranga?) Estive lá ontem, rumo à Estação Tamanduateí, onde tenho acompanhado com minha câmera semanalmente a demolição da antiga Estação Tamanduateí, que já está próxima do fim. Resolvi descer para bater fotos da Estação Ipiranga, que não tem imagens atuais no site Estações Ferroviárias ou de qualquer tipo na Wikipédia (mas agora tem).

(Parêntese. Nas últimas vezes que fotografei na CPTM senti-me como um criminoso, sempre achando que algum segurança iria encrencar com minha câmera. Apesar de as regras da CPTM só impedirem que se bata fotos para fins comerciais, muitos funcionários da empresa creem que a regra aplica-se a “câmeras profissionais” — e isso porque minha câmera não é profissional, mas parece-se um pouco com uma. Desta vez, felizmente, ninguém me abordou.)

Essa estação é um convite à evasão de bilheteria, pois a passarela para ir de um lado a outro da estação só é acessível pelo lado de fora das catracas. Fui descobrir isso ao descer do trem que seguia no sentido Rio Grande da Serra e tentar passar para o outro lado. Perguntei então ao segurança, que apontou para uma funcionária ao lado das catracas e informou que bastava avisá-la de que se tratava de “transferência”. Ainda sem entender direito o sistema, fui falar com ela. Ela me disse que bastava avisar nas catracas do outro lado que era “transferência”, e a outra funcionária liberar-me-ia. Foi o que fiz. Chegando ao outro lado, só falei em transferência, e a solícita funcionária sacou seu bilhete mega-extra-blaster e liberou minha passagem.

Catracas na Estação Ipiranga da CPTM

Ok, eu realmente vinha do outro lado e tinha pago a passagem na Estação Lapa, ainda na Linha 7-Rubi, antes de fazer a baldeação na Luz. Mas o que impede alguém de entrar no sistema sem pagar simplesmente dizendo que vai fazer “transferência”? Mesmo que haja alum tipo de comunicação entre as funcionárias que ficam ao lado das catracas, esse sistema é falho ao extremo e muito pouco imune a uma boa lábia. Não sei se é possível separar a passarela em dois corredores, da maneira como fizeram, por exemplo, nas estações Lapa e Água Branca, já a passarela da Estação Ipiranga é mais estreita. Um dos motivos para isso é o recurso arquitetônico utilizado, que cria uma barreira visual do lado da passarela voltado para a Estação Moóca. Uma solução para esse problema é algo para se pensar, talvez, quando e se um dia substituírem as catracas de saída da estação, que hoje são de um modelo bem antigo, como mostra a foto acima.

Nesta estação há ainda uma característica bem interessante, que é o “retão” no sentido Luz. A primeira vez que percebi esse retão foi numa foto espetacular postada no fórum Skyscrapercity pelo mesmo Eduardo Ganança que já comentou aqui antes. Ainda não consegui descobrir de onde ele bateu aquela foto, mas na minha visita de ontem fiz a foto abaixo na mesma direção. Como a minha foto foi feita a partir da plataforma, não tem o mesmo impacto da foto original, num ângulo bem mais favorável e mostrando a estação.

Vão da Estação Ipiranga da CPTM

6 comentários

gilberto maluf (66)

Esta foto também está muito boa.
abs

22 de janeiro de 2011, 21:09

Bruno (6)

muito boa, como de costume, a descrição! Complemento com a péssima saída que tem-se da estação. Tenho uma loja no novo Shopping Mooca em frente a estação e achei o fim da picada passar no meio de uma favelinha para chegar ao meu destino. Veja, não acho certo que desabriguem essas famílias apenas por “maquiagem social”, mas acho que se queremos que o transporte publico ferroviário seja mais utilizado, esse tipo de situação desencoraja

11 de dezembro de 2011, 18:40

Alexandre Giesbrecht

Eu estava querendo ir conhecer o shopping justamente devido ao fato de ele ser próximo à estação. Ainda não pude ir conferir in loco. O problema provavelmente não é o fato de ser uma favela, mas, sim, a imagem de insegurança que isso passa, o que causa esse desencorajamento que você cita. Pelo que me lembro do entorno da estação, especialmente para o lado da Moóca, caberia uma urbanização ali. Havia, ao menos quando escrevi o texto acima, muito chão de terra por ali, por exemplo.

11 de dezembro de 2011, 19:08

Bruno (6)

vale a visita! aliás, uma dica: ao lado do estacionamento (parte de trás do shopping) tem ainda os trilhos do ramal que suponho era da Fabrica da Ford.

11 de dezembro de 2011, 19:29

Abel (5)

Uma curiosidade, passei recentemente por essa estação e vi um cartaz da CPTM nas plataformas com os seguinte dizeres:

“A Estação Ipiranga não possui transferência gratuita entre as plataformas. Solicitamos que utilizem a próxima estação para efetuar transferência.”

Será que alguém da CPTM leu o post? :-)

Na antiga estação Tamanduateí a passarela também funcionava desse jeito (por fora das catracas).

E essa estação Ipiranga é bonita mesmo, pena que fica escondida pelos galpões na Pres. Wilson e mesmo do viaduto fica difícil de vê-la em função do muro no trecho sobre a via férrea. Pelo ônibus do Expresso Tiradentes dá para ver melhor sua arquitetura.

20 de agosto de 2013, 17:09

Alexandre Giesbrecht

Será que nesses dois anos e meio desde que o texto foi escrito a CPTM resolveu abolir a prática? Sobre a antiga Tamanduateí, eu não me lembro como funcionava a passarela. Ela era mais parecida com as estações Lapa e Água Branca, e poderia ser assim, também, com a passarela dividida em duas, um lado “dentro” e outro “fora” das catracas. Na única vez que desci lá, no último dia de operação, eu cruzei a passarela, mas não me lembro como ela era. Pior é que tirei várias fotos no dia, mas nenhuma esclarece essa dúvida.

2 de setembro de 2013, 21:59

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Quem?

Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).

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