Nos jornais de hoje, o grande destaque do noticiário de transportes é a inauguração da Estação Tamanduateí do metrô, que terá integração com a nova Estação Tamanduateí da CPTM. (Falo dos jornais, porque pela manhã o destaque dos portais da Internet foi a paralisação da Linha 3 do Metrô.) Essa nova estação na Linha 10-Turquesa da CPTM significa que a estação antiga, erguida em 1964 com o nome de Parada Vemag, será desativada. Enquanto a estação de metrô ainda ficará em operação assistida nos próximos meses, a da CPTM começará a operar das quatro horas à meia-noite já a partir de amanhã. Hoje foi, portanto, o último dia de operação da antiga Estação Tamanduateí.
Sabendo disso, passei por lá hoje pela manhã para documentar algumas cenas dessa estação, cujo destino deve ser a demolição. Chama a atenção o abandono em volta da estação, algo que não é de hoje. O final da Rua Vemag, que dá acesso à estação a partir da Avenida Presidente Wilson, é de terra, e a chuva de ontem ainda deixava traços como as poças d’água vistas na foto abaixo.
Por ficar nesse trecho sem saída, que fica além de uma curva em noventa graus, o prédio da estação fica escondido. Muitas vezes, quem passa pela Avenida Presidente Wilson nem percebe que ali existe uma estação de trem. Isso não vai acontecer na estação nova, por causa da imponência da estação de metrô suspensa. Ao fotografar o prédio antigo, o novo sobressai ao fundo.
A entrada pelo outro lado, para quem vem da Rua Guamiranga, não é menos escondida, mas não está ao final de uma rua de terra. A rua, também sem saída, é a outra ponta da Rua Vemag, que termina na Guamiranga depois de apenas um quarteirão. No acesso, uma pequena ponte de metal permite a passagem por cima do que imagino ser um córrego.
Como parte da estação já foi alterada, não sei dizer se o acesso a essa ponta da Rua Vemag sempre foi feito pela catraca da foto abaixo. Essas catracas são típicas desse tipo de estação das linhas 7-Rubi e 10-Turquesa da CPTM, então a catraca sempre foi a forma de acesso; o que não sei dizer é se ela sempre ficou neste ponto. A cobertura de parte da plataforma está assim, com suporte de madeira e telhas de zinco. Essa cobertura não é original.
O improviso não é o único problema que estação enfrentou em suas últimas semanas (ou meses?). A falta de manutenção ficou evidente hoje quando me deparei com esse trecho da plataforma no sentido Rio Grande da Serra — por serem originalmente linhas da São Paulo Railway, as linhas 7 e 10 têm mão inglesa. Por estar dentro do limite de embarque, isso representou perigo para os usuários sabe-se lá por quanto tempo. Na plataforma oposta, vê-se a fila da Ponte Orca ficou tão grande do lado de fora (como se vê na segunda e terceira fotos que ilustram este texto) que já invadia a plataforma da estação. A abertura da nova estação não eliminará a Ponte Orca de imediato: enquanto a estação de metrô continuar em operação assistida, o serviço de vans continuará a ser prestado entre 4h40 e 9 horas e entre 16h30 e 21 horas.
A estação em si não tem muita coisa além das plataformas. Há a passarela para ligar os dois lados, sendo que há um corredor para quem já passou pelas catracas e outro para quem ainda não passou, como é de praxe em várias outras estações das linhas 7 e 10. Uma das escadas de acesso à passarela está na primeira foto abaixo. Na foto seguinte, o acesso às catracas de entrada, no lado mais próximo à Rua Guamiranga. Ao contrário das passarelas e mesmo das plataformas, esse saguão de acesso é diferente em quase todas as estações que seguem esse padrão de arquitetura. No canto direito dessa foto é possível ver um pedaço da escada de acesso ao corredor da passarela para quem ainda não passou pelas catracas.
Encerrados os embarques na antiga estação, não é mais possível conseguir as imagens abaixo da estação nova — ao menos não sem invasão de propriedade. Por falar na estação nova, eu não entendo esse excesso de vermelho que a CPTM tem aplicado em todas as suas estações construídas ou reformadas recentemente. Se a cor da linha não é vermelha, por que enfatizar tanto tal cor? Só porque é a cor da empresa? Não vejo muito sentido nisso.
Muito bom, mas foi mesmo o último dia da estação velha?
Pelo que li em mais de uma fonte, sim. Por exemplo, nesta matéria do G1.
Parabéns pelo trabalho, pelas fotos, pelas informações completas e precisas, pela preocupação com a beleza e o bom dessa cidade maluca mas adorável.
Não é justo que, por ignorância, ainda que por culpa dos governantes, e por politica, aí é muito pior, se destrua o que, aos poucos, não importa sob qual governo, se vai conseguindo de melhor, de mais humano. São Paulo, por seu povo, não merece destruições, já que não consegue, ainda, se livrar das avesa daninhas. abração .
Caro Alexandre, se possível você poderia encaminhar para mim, por e-mail, sempre que postar no seu blog?
Ah, e parabéns pelas fotos e conteúdo.
abs
As suas fotos estão realmente muito boas. Adoro seu blog. Parabéns
Espero que não quebrem a estação novinha em folha. Afinal, ela é nossa, não dos pol~iticos. abs
O pessoal está cuidando bem das novas estações. Quer dizer, as de metrô em geral são bem cuidadas pela população. As mais recentes da CPTM têm sido também. Até as mais antigas, aliás. A CPTM já não é mais aquela zona que era na época da Fepasa.
Por diversos domingos da minha infância peguei a bicicleta e fui observar os trens no final da rua Vemag (lembro do último imóvel, era o n° 1000). Havia apenas uma mureta com tela, diferente dos perfis metálicos recentes.
Cada vez mais a estação antiga está se aproximando de muretas com tela como proteção. Estive lá na semana passada. Ainda não começaram efetivamente a derrubá-la, mas há cada vez mais tapumes e telas de proteção. Ainda preciso colocar essas fotos aqui. (Uma pena que hoje em dia as crianças veem os trens mais como um estorvo do que como algo a se admirar.)
Preciso dar uma volta geral nesses trens, redescobrindo a cidade Outro dia fui ‘a Vila Alpina e só pude dar uma espiada rápida no que estão fazendo ali no início da Achieta. De carro, no meio daquela montoiera de caminhões disputando os buracos da Juntas Provisórias era um risco olhar mais. rrss
Fiquei intrigado com essas fotos do trecho em terra batida, mas acho que entendi o que aconteceu. Essa parte onde aparece a fila e os carros estacionados era isolada da estação, pertencia aos antigos armazéns (dá pra ver as cumeeiras no lado esquerdo), havia uma via férrea e também uma grande chaminé de tijolos. E não havia a rampa nem o conseqüente acesso lateral das vidraças.
@Zé Maria: A Luís Inácio de Anhaia Melo, que passa bem em frente à Estação Vila Prudente, é uma paisagem nada bucólica, que contrasta bastante com a primeira impressão que se tem ao passar pela estação. Aliás, a impressão que dá ali é que não há lugar algum para se ir a pé a partir de lá — as calçadas esburacadas ou inexistentes em volta só confirmam essa impressão, mas espero que seja algo que vá ser solucionado. De qualquer maneira, todas essas novas estações merecem uma visita.
@AbelCR: O trecho de terra batida pode ter sido aberto para receber o fluxo da Ponte Orca, mas isso é só algo que eu imagino; não dá nem para saber quando. Fico imaginando, pela sua descrição, como era a estação antes, quando ela era ainda mais espremida pelo entorno, como se pode ver nas fotos disponíveis no site do meu pai, especialmente a foto aérea sem data (anos 1950? anos 1960?).
Quando cheguei por aqui, São Paulo tinha bonde, vida noturna pacata com seus 1.200 mil habitantes. Hoje colocaram um zero em seguida e ela continua crescendo de forma desordenada, como um garoto que pula dos 8 para os 12 anos e veste a mesma roupa – coitadinho. Figueiredo Ferraz, engenheiro, professor da USP, quando prefeito disse que São Paulo – ao contrário do seu lema – ^precisava parar de crescer^, para não morrer sufocada. Foi vaiado por muitos…e olha só no que deu. Ufa !!! abrs
Gostaria de saber se há previsão para novas atualizações no estações ferroviárias
Olá, Emilson. Eu não sou a pessoa certa para responder a esta pergunta, porém o site Estações Ferroviárias do Brasil tem sido atualizado. Segundo a página de novidades, no último dia 20 diversas estações foram atualizadas.
Fica longe, do outro lado, mas me impressiona, de forma positiva, a estação Butantá da Linha Amarela. Aquelas enormes escadas rolantes subindo e descendo com um formigueiro humano, todos apressados, mas educados. Sai da Luz para chegar ao Brooklin, pegando na Marginal Pinheiros o trem da CPTM para os lados de Interlados, descendo na estação Berrini, Uma maravilha,,,abs
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).