Pseudopapel

A nova Estação Tamanduateí

Entrada da nova Estação Tamanduateí

Na semana passada estive na agora antiga Estação Tamanduateí para registrar cenas do seu último dia de operação. Não consegui voltar lá para conhecer a nova estação por dentro até hoje, o décimo dia de operação. A estação da CPTM, que atende a Linha 10, já está funcionando em tempo integral, enquanto a estação da Linha 2 do metrô ainda está em operação assistida, estendida hoje para o horário das 8h30 às 17 horas. Eu já tinha passado, sem parar, por ali tanto de trem como de metrô, mas foi a primeira vez que desci.

A estação é realmente imponente pelo seu tamanho e pelas grandes estruturas que sustentam a plataforma do metrô. Não é a coisa mais bonita do mundo, mas chama a atenção — em alguns pontos, de maneira bastante negativa, como as escandalosas coberturas vermelhas das plataformas da CPTM.

A empresa parece que decidiu usar essa cor para tudo, e nas estações novas as cores das linhas quase somem diante do excesso de vermelho por todos os lados, ao contrário das estações do metrô, onde a cor predominante é sempre a da linha. Certamente a primeira impressão de quem olha a foto abaixo é de que se trata de estação na linha vermelha (que nem fica na CPTM, mas no metrô). A cor turquesa da linha fica ofuscada no tamanho e no visual. Os nomes das linhas da CPTM já são mais complicados — quantos usuários da linha sabem a cor de uma safira? —, e o novo padrão visual não ajuda em nada.

São quatro plataformas da CPTM, embora os trilhos de uma delas (que está fora da foto, à direita) terminem pouco depois da estação. As plataformas, entretanto, repetem um erro que é uma constante nas estações da CPTM desde os anos 1970: são apenas dois conjuntos de escadas por plataforma, cada um com uma escada normal e uma rolante, sendo que uma das escadas rolantes da plataforma desce. Na Barra Funda, por exemplo, isso causa um grande afunilamento para quem sai do trem da Linha 8 vindo de Itapevi. As pessoas chegam a esperar mais de cinco minutos para subir Como a Estação Tamanduateí é de integração com o metrô, tende a ter problemas semelhantes.

Com apenas dez dias de uso, a estação ainda está toda novinha e reluzente, mas nem tudo está 100%, como fica provado pela foto abaixo, tirada na plataforma da CPTM, sentido Luz.

Nas duas fotos abaixo, uma visão dos trilhos centrais da CPTM. Na primeira foto, o sentido Rio Grande da Serra, com a antiga Estação Tamanduateí ainda fazendo parte da paisagem. Na foto seguinte, o sentido Luz, com o Viaduto Grande São Paulo e o malfadado “Fura-Fila” ao fundo.

Por falar na antiga Estação Tamanduateí, pelos ângulos abaixos é possível perceber que ela não deverá durar muito mais tempo de pé. Na minha visita a ela na semana passada eu já tinha percebido que parte da beirada da plataforma no sentido Rio Grande da Serra — não se esqueça de que a Linha 10 tem mão inglesa, por isso estou falando da plataforma à esquerda na foto — estava destruída. Agora parece estar pior.

A foto abaixo é mera curiosidade. Bati ao ver a placa balançando perto do acesso à estação pela Avenida Presidente Wilson. Espero que os suportes dela aguentem.

A seguir, algumas fotos aleatórias. Além delas, há fotos por Eduardo Ganança no SkyscraperCity. Ele também tem uma série de fotos da evolução da construção da estação.

23 comentários

gilberto maluf (66)

Me pareceu tudo muito bem cuidado e com padrão Metrô . A cor Vermelha, à primeira vista, não me pareceu tão excessiva, apenas um pouco viva pela repetição da cor em dois vãos acima da plataforma , que servem como fechamento/acabamento.
A primeira foto, Estação Tamanduateí em verde, mostra uma entrada suntuosa.
Bem comentado sobre os poucos acessos de escadas.
abs

1 de outubro de 2010, 15:12

Alexandre Giesbrecht

O maior problema realmente não é o vermelho ser berrante (embora ele seja até mais do que consegui fazer transparecer nas fotos), mas, sim, o fato de ele ganhar tanto destaque que faz a cor da linha passar despercebida. Note as fotos em que aparecem placas na estação: há uma parte bem grande vermelha e uma muito menor com a cor e o nome da linha. Eu conheço bem o mapa do sistema e não preciso da sinalização para saber onde estou. Mas será que a maioria dos usuários conhece tão bem assim o sistema? Isso é que a CPTM parece não perceber.

Notei o mesmo problema na Estação Cidade Universitária, da Linha 9-Esmeralda, que foi reconstruída e pintada quase que totalmente de vermelho — ainda mais escandaloso pela onipresença da cor. O padrão deveria ser mais sóbrio, mas o mais importante deveria ser que a cor mais destacada fosse a da linha, não a da CPTM. É o que o metrô faz, mesmo nas estações mais novas, e a Estação Tamanduateí deixa esse contraste bem claro, já que no metrô logo de cara você sabe em que linha está.

1 de outubro de 2010, 17:37

Emilson (1)

Gostaria de saber o que será feito da antiga estação. Será realmente demolida? Porque não usa-la como museu ou outra atividade cultural?

20 de novembro de 2010, 12:19

Alexandre Giesbrecht

Emilson, passei lá de novo há cerca de uma semana, e a demolição pouco tinha avançado — mas claramente estava ocorrendo. É uma pena que a memória da cidade esteja sendo esquecida mais uma vez.

20 de novembro de 2010, 17:08

Felipe Golfeto (2)

As placas com cores do metro são mesmo muito boas, pena que a companhia está trocando elas por placas totalmente brancas, como ja pode ser visto em estações da linha 1.

A estação antiga de Tamanduateí vai ter que ser demolida para acertar a curva que os trens fazem ali no sentido Rio Grande da Serra, que é muito fechada, além de também dar lugar às novas vias que serão do trem expresso para Santo André e Mauá

21 de novembro de 2010, 14:30

Carlos (1)

Cedo ou tarde a antiga Tamanduateí irá ao chão. A via sentido Rio Grande da Serra faz uma curva muito fechada que precisa ser corrigida e a antiga plataforma sentido Luz está bem em cima de onde será construída uma quarta via que ficará ligada àquela que está isolada na nova estação.

21 de novembro de 2010, 17:24

Renato (1)

Porém, mesmo o metrô já deixou a desejar com a troca da comunicação visual das estações da linha 1 azul de azul para as polemicas placas brancas, sem nenhuma referência a cor da linha. Quem não usa a linha 1 e não viu ainda ,sugiro dar uma passada pelas estações Liberdade, São Joaquim ou Vergueiro para ver a “diferença”
Segundo o metrô, todas as demais linhas e estações receberão a nova comunicação visual com placas todas brancas. Então para aqueles que acham que só a CPTM pisou na bola nesse ponto, o metrô conseguiu fazer ainda pior.

21 de novembro de 2010, 18:29

Eduardo Ganança (5)

O senhor tirou um dia bem fechado para fotografar, hã? A cor da paisagem ficou bastante interessante, apesar disso.

Quanto à cor vermelha na CPTM, ela veio para ficar. É padrão em todas as estações reformadas esse ano e os planos são de manter esse padrão. A princípio causa essa estranheza, mas logo dá pra se acostumar a identificar a linha pela borda inferior das placas.

O Metrô também está introduzindo uma comunicação visual nova, essa sim, uma catástrofe. Com placas brancas e fonte arredondada e azul. Lamentável estarem mexendo em algo tão antológico e substituindo por algo tão primário, infantil… enfim, a comunicação nova da CPTM dá de 10 x 0 na nova do Metrô.

Quanto à demolição da estação antiga: é absolutamente necessária. Tanto dela como de todas as estações que impeçam a Linha 10 de ter um leito de 5 vias (2 para serviço parador, 2 para expresso e uma para carga).

Ainda temos muitas estações que seguem a mesma arquitetura da EFSJ dos anos 50-70, incluindo algumas que podem ser preservadas sem prejuízo algum ao funcionamento do sistema. Assim como hoje estão preservadas (e tombadas) muitas das estações da SPR dos anos 1900-1930.

Voltando à Tamanduateí, esta ficou conhecida como a estação do Metrô de construção mais difícil. Várias dificuldades surgiram, atrasando em mais de seis meses a conclusão da obra. Entre elas: disputa judicial com o Shopping Central Plaza, que não queria um elevado passando pelo seu estacionamento; desvio de uma Adutora da Sabesp na área onde hoje é o pátio do Metrô; burocracia na cessão do terreno para a construção da Subestação de Energia, que era da Sabesp; alagamento nos canteiros de obras no começo de 2008, de 2009 e também de 2010.

21 de novembro de 2010, 20:01

Alexandre Giesbrecht

@Felipe, @Carlos, @Renato e @Eduardo: Passo diariamente pela Estação Paraíso, que serviu justamente de cobaia, e só tenho a lamentar a troca. Estou há algum tempo para escrever sobre isso, pois a troca não faz sentido algum. A cor da linha era uma informação visual imediata que se perde com as novas placas, isso sem falar que ainda dá para se questionar como farão nas outras linhas. Afinal, usaram texto azul na Linha 1. Até aí, ok, ainda seria melhor que o desastre que estão fazendo nas reformas de estações da CPTM (afinal o branco é neutro, ao contrário do escandaloso vermelho). Mas na Linha 2 o vermelho dá menos contraste, a não ser que usem uma tonalidade diferente, mais escura que a atual. E na Linha 4, como farão? Se usarem amarelo nos textos, não dará contraste algum e haverá sérios problemas de legibilidade. Então usariam outra cor? Nesse caso a informação da linha seria completamente perdida. É realmente desastrosa a troca — e olha que nem entrei no mérito de substituírem a bela e bastante legível fonte Helvetica…

@Carlos e @Eduardo: Obrigado pela informação sobre a demolição. Apesar de ter seus motivos — mais nobres do que derrubar para levantar espigão ou “porque não serve mais”, como tanto ocorre neste país —, não deixa de ser triste ver uma estação com tanta história vir abaixo. Sim, sei que esse meu argumento é muito mais emocional do que racional neste caso.

@Eduardo: (Sobre o dia fechado.) hehehehe Era o dia que dava. Pior que quando voltei lá há pouco mais de uma semana estava um dia bem feinho também. Não dei a sorte que tive quando saí para fotografar casas nas ruas Carlos Sampaio e Eça de Queiroz, na semana passada, quando peguei um céu azul que estava uma beleza.

21 de novembro de 2010, 22:04

Eduardo Ganança (5)

@Alexandre Se for útil, tenho fotos da estação, tanto em obras quanto concluída, publicadas:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1223035
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=934618

E uma pergunta: por acaso tens parentesco com Ralph Giesbrecht, dono do site “Estações Ferroviárias”?

21 de novembro de 2010, 22:12

Alexandre Giesbrecht

Obrigado, Eduardo. Adicionei os seus links à postagem. Respondendo à sua pergunta, sim, Ralph é meu pai.

21 de novembro de 2010, 22:21

Eduardo Ganança (5)

Ah, não esperava isso haahah
Obrigado :)

E interessante saber, o site dele é quase uma Bíblia pros entusiastas ferroviários :P

21 de novembro de 2010, 22:31

Alexandre Giesbrecht

É preciso divulgar essas fotos, especialmente as que mostram a construção da estação, que infelizmente não pude acompanhar, muito menos fotografar!

21 de novembro de 2010, 22:53

Eduardo Ganança (5)

Eu moro razoavelmente perto da estação… eu estava apenas no lugar certo na época certa :D

21 de novembro de 2010, 22:56

Fernando (1)

A cara sei lá..os caras se preocupam muito com comunicaçao visual…
a primeira comunicaçao visual que a cptm adquiriu quando entrou foi a que deu mais certo pois com o Logo tipo gigante a esquerda do nome da estaçao nao tinha como confundir metro com cptm e algumas se diferenciavam pela cor da linha no caso era bege ou marrom claro,mas de 2002 pra ca a ctm adquiriu uma comunicaçao igual a do metro e agora o metro tbm quer mudar a sua comunicaçao para n confundir uma rede com a cptm…pow a cptm mudo as linhas q eram muito bem facilitadas de letras para numeros,mudo a cor das linhas de cores simples com bege,marrom,laranja,cinza e violeta para cores de pedras preciosas…um paraiba q chego dos norte hj n vai sabe oq é uma cor turquesa ou safira.

e afinal de contas a cptm ainda nem conseguiu mudar da 1° para a 2 ° comunicaçao visual em todas as linhas…e agora ja esta adquirindo uma 3°..

daki apoco vai parecer um circo colorido…

11 de dezembro de 2010, 3:04

Alexandre Giesbrecht

A última mudança de nomes de linhas da CPTM, em fevereiro de 2008, foi um desastre, mesmo. Começou por mudar as cores de linhas, o que por si só é um absurdo. Quer colocar as tais pedras preciosas? (Quantos usuários da CPTM sabem qual é a cor de uma safira?) Beleza. Mas procure pedras com cores parecidas com as que já existiam. Isso foi feito apenas nas atuais linhas 8, 11 e 12. Além disso, usar números, igual ao metrô, só serve para confundir. Afinal, ainda são empresas diferentes, e a integração não é gratuita em todas as estações, por exemplo. Hoje existe a bizarrice de termos linhas de 1 a 12, sendo que não existe a 6! Isso sem falar que o atual “mapa dos transportes metropolitanos” traz até… corredores de ônibus! Isso atrapalha demais a quem não conhece as linhas, como turistas. E para piorar tudo, a comunicação em muitas linhas é desatualizada e sem padrão. Sim, sem padrão até na desatualização. Isso não é se preocupar com a comunicação visual. É muito fácil preocupar-se com isso apenas em uma estação novinha como a Tamanduateí. E o resto? Na Lapa da Linha 7 o mapa das linhas traz até a tal Estação Bom Retiro, cujo projeto parece que nem existe mais.

11 de dezembro de 2010, 8:43

vanderlei donizeti de oliveira (2)

Pra começar a estação nem deveria ser demolida pois ate
hj a estação Tamanduatei nova nao funciona totalmente…

28 de janeiro de 2011, 13:05

Eduardo Ganança (5)

Vanderlei, a estação da CPTM opera normalmente. Você deve ter confundido com a estação do Metrô, que segue em operação assistida.

A da CPTM começou em operação normal, em horário integral desde a inauguração.

28 de janeiro de 2011, 18:15

Vanderlei (2)

A GRANDE REALIDADE É QUE ESTA EMPRESA QUE SE CHAMA
CPTM ( CIA PAULISTA TRANSP. METROPOL)DEVERIA SE CHAMAR
(CTPM) AI VCS NOMEIAM…
É DEMAIS SE SE EU FOR ENUMERAR AS FALHAS DE 30 ESTAÇÕES
SOMENTE A LUZ-BARRA FUNDA-BRAS-TAMAMANDUATEI ESTAO ADEQUADAS
A NECESSIDDADE DOA USUARIOS…
EM SÃO CAETANO NAO TEM SAIDA DE DEFICIENTE FISICO…
FALAR SOBRE ESTAÇÕES QUE ESTAO LINDAS E MARAVILHOSAS É FACIL
O QUE DIZER DA ESTAÇÃO DE CAPUAVA, AGUA, BRANCA, ISSO SEM CONTAR
OUTRAS…
MANDO RECLAMAÇÕES DIARIAS PRA ESSE LIXO DE EMPRESA…
E NAO TENHO NEM RESPOSTA.TBM O QUE ADIANTA SÓ UM BESTA RECLAMAR…
INFELIZMENTE ESTOU ESPERANDO A LINHA DO METRO COMEÇAR
A FUNCIONAR POIS AI SIM ME LIVRO DESSA PORCARIA …

29 de janeiro de 2011, 3:12

Alexandre Giesbrecht

Caro Vanderlei, se você tivesse se dado ao trabalho de ler outros textos do blog, veria que eu sou bastante crítico da CPTM. Aliás, mesmo no texto acima há algumas críticas. E certamente você não é o único a criticar. A CPTM certamente tem muito o que melhorar, mas não vejo mal nenhum em elogiar onde a empresa deve ser elogiada. Enquanto isso, um pouco de educação (eu apaguei uma das suas frases no seu primeiro comentário) vai bem, assim como não escrever apenas em maiúsculas — comentários apenas em maiúsculas não serão mais aprovados, não importa de quem.

29 de janeiro de 2011, 10:00

Alexandre Giesbrecht

Como escrevi acima, comentários apenas em maiúsculas não serão aceitos. Não adianta querer “dar bronca” em quem não tem nada a ver com a CPTM. Sou usuário diário da empresa. Faço críticas quando as acho merecidas, elogios quando estes o são. Democrático não é você, Vanderlei, que não permite elogios ao que VOCÊ considera só merecer críticas. Se não aceita opiniões divergentes da sua, basta não vir mais aqui. Não é fácil?

Aliás, Vanderlei, você real­mente leu o que escrevi acima ou só viu as fotos? Não existe um único pará­grafo que con­tenha apenas elo­gios. Aliás, há muito mais críticas.

29 de janeiro de 2011, 13:34

Orlando (1)

A nova estação do Metro de Tamanduateí é um show, mas estou muito curioso com aqueles barracões existentes ao lado da estação! afinal, qual a finalidade?

17 de junho de 2011, 9:36

Alexandre Giesbrecht

Que barracões, Orlando? De que lado? Ou você está se referindo ao pátio de manobras?

17 de junho de 2011, 9:43

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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).

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