(Nenhum destes túneis é o Buraco do Adhemar; eles são seus substitutos, construídos no final dos anos 1980 pelo então prefeito Jânio Quadros, rival político de Adhemar de Barros nos anos 1950 e 1960. O túnel da direita foi conhecido popularmente como “Buraco do Jânio” à época de sua inauguração.)
Sou um colaborador frequente da Wikipédia, especialmente em biografias de jogadores de futebol e assuntos relacionados à cidade de São Paulo, com contribuições significativas em verbetes como Praça Roosevelt e Muricy Ramalho. Além disso, ainda acompanhando alguns verbetes, ajudando a impedir os chamados vandalismos. A “vigilância” desses verbetes ainda proporciona situações que nada têm a ver com vandalismo, como a possibilidade de salvar algum deles. Anteontem o verbete Banheira do Ademar foi colocado em fila para eliminação semirrápida, porque não tinha seu conteúdo referenciado por fontes fiáveis. Isso significa que qualquer um tinha até o próximo dia 11 para alterar o verbete, inserindo novas informações e, especialmente, referências, como livros e artigos de jornal.
O verbete realmente era lamentável. Primeiro, por chamar o logradouro de “Banheira do Ademar” — não encontrei uma só referência a esse termo; eu sempre conheci por Buraco do Ademar. Segundo, por ser composto de apenas duas frases como um mínimo de informação. Diante dessa situação, resolvi pesquisar. O acervo da Folha, com acesso ainda gratuito, resolveu meu problema. A primeira tarefa foi pesquisar o termo “Banheira do Ademar”, nas duas variações possíveis: “Adhemar” e “Ademar” (a Wikipédia padroniza nomes de pessoas após sua morte, e Adhemar de Barros virou Ademar de Barros). Nada. Uma busca no Google trouxe cerca de um quarto dos resultados da mesma busca por “buraco”, a grande maioria derivada da própria Wikipédia e de sites que se utilizam de seu conteúdo.
Em seguida, de novo na Folha, a busca por “Buraco do Ademar” retornou 68 páginas ao longo dos anos. Entre esses resultados, muitos artigos que me permitiram aumentar consideravelmente o conteúdo do verbete e referenciá-lo satisfatoriamente: são agora 23 referências. E o nome correto: Buraco do Ademar. O curioso é que a passagem não tinha nome oficial, aparentemente, ao contrário de seus substitutos, os dois túneis que hoje passam por baixo do Vale do Anhangabaú e têm o mesmo nome: Túnel Papa João Paulo II. Não é difícil, pois, imaginar por que o apelido “Buraco do Ademar” pegou, provavelmente surgido logo depois da inauguração da passagem, em 1951.
Apesar disso, a primeira citação na Folha foi apenas em 30 de junho de 1969. A não ser pela menção a um problema de enchentes na “passagem de nível da Praça do Correio”, numa matéria de 7 de março de 1951, não consegui achar quase nada sobre o túnel antes daquela menção em 1969. Não achei sequer a matéria sobre a inauguração da passagem, para descobrir a data exata. A partir de meados dos anos 1970, entretanto, as menções ao Buraco do Ademar se proliferam, até sua efetiva demolição, para a qual ele foi fechado em 23 de outubro de 1988.
Como se esquecer? Não o vi in loco, apesar de na época eu morar razoavelmente perto dali, em Santana de Parnaíba, mas lembro-me de ser um dos primeiros temas de noticiário local que me chamaram a atenção. O curioso é que o Buraco do Adhemar sumiu alguns anos depois de o de Cajamar surgir, e eu certamente passei por dentro dele, mas não me lembro.
74 queries em 0,415 segundos.
Textos e fotos aqui publicados são liberados em Creative Commons sob a licença Attribution 3.0 Unported. Isso significa que podem ser usados em qualquer projeto, comercial ou não, desde que sejam creditados como "Alexandre Giesbrecht". Um link para cá é bem-vindo, assim como um aviso de que o material foi usado.
CPTM metrô centro Linha 10 da CPTM Linha 7 da CPTM Bela Vista abandono empresas desastradas Barra Funda Estação da Luz Paraíso Linha 8 da CPTM Estação Palmeiras-Barra Funda Linha 11 da CPTM Estação Tamanduateí Linha 1 do Metrô Jornal da Tarde Luz futebol Placar
Em 134 páginas, uma detalhada história do primeiro título nacional do São Paulo, do início do campeonato à sua emocionante final. Saiba como adquirir o seu por apenas R$ 29,90. Curta também a página do livro no Facebook.
Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).