Estive com meu pai no primeiro dia do ano em Dois Córregos, cidade que fica na mesorregião de Bauru, próxima a Jaú. Conhecida como “Cidade Amizade” ou, informalmente, como “Dois Córgo”, a cidade tem pouco menos de 25 mil habitantes segundo o censo de 2010 do IBGE. Nossa primeira impressão foi das melhores, com diversas casas antigas, a maioria em bom ou ótimo estado — apesar de justamente a primeira que paramos para contemplar, na Avenida José Alvez Mira, em frente à Praça Francisco Simões, estivesse praticamente caída (ou demolida).
Nas ruas Quinze de Novembro e Treze de Maio, diversas casas com mais de sessenta anos se destacavam, mais especificamente um na esquina da Treze de Maio com a Avenida Dom Pedro, ao lado da Câmara Municipal, que parece ter passado por uma reforma bastante recente, como mostra a foto abaixo. O prédio da Câmara, aliás, é bem mais novo e perfeitamente esquecível, só ganhando uma menção por estar espremido entre o belo casarão citado e outro, mais ou menos da mesma época, também bem conservado. Ao meu pai chamou bastante a atenção um vitral mantido em uma casa na Quinze de Novembro, em frente à praça principal da cidade.
Ao contrário da grande maioria das casas que contemplamos, a estação ferroviária de Dois Córregos está em um estado lastimável, como se comprova ao observar a imagem que abre este texto. Por ser um antigo entroncamento de linhas, é uma estação grande e foi considerada pela Fepasa uma das mais bonitas da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Mas um incêndio há quase uma década destruiu quase todas as salas e boa parte do telhado do prédio. Entrar no prédio não é problema. O portão lateral permanece aberto, e, enquanto eu fotografava a estação e sua gare, algumas crianças soltavam pipa no leito da linha.
A cena é desoladora. O relógio no topo da fachada frontal da estação só existe como carcaça, assim como outro pendurado na parede da plataforma. Muitas das salas já não têm mais sequer o piso, e já há vegetação surgindo nos espaços. A estação é um retrato do descaso com que as ferrovias têm sido tratadas no Brasil nos últimos cinquenta anos. Ainda assim, ela consta no site da prefeitura de Dois Córregos como um “ponto turístico” da cidade. Sim, a estação continua bonita, mesmo no estado atual, mas é estranho ver um imóvel que em teoria oferece risco a seus visitantes ser classificado como “ponto turístico”. O incêndio não ocorreu ontem, e o site sem dúvida é bem mais recente. Segundo o que apuramos, ainda que o prédio da estação não pertencesse à União, a prefeitura não teria verba para transformá-lo em um verdadeiro ponto turístico.
Termino a postagem com as fotos de mais algumas casas que me chamaram a atenção na cidade — inclusive a que abriga a Sorveteria Sundae Sukus Self-Service, possivelmente a melhor aliteração da região —, seguidas de outros flagrantes da estação de Dois Córregos.
Eu nasci em Baurú e até os 7 anos de idade meu pai me levou duas vezes para São Paulo com o lindo trem da Paulista, o Azul. E com certeza passei por Três Córregos.
(ET: o trem era leito e o bilheteiro do trem passava falando com a mão na boca as estações que o trem ia parar.).
Dois Córregos, terra de dois grandes amigos, Luiz Gonzaga Bertelli, companheiro da Faculdade Paulista de Direito, PUC, de 58 a 62, e Carlos Nascimento, na Rede Globo. Estive lá com o pessoal da PUC, levado pelo Bertelli, quando o presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto era Mário Garnero. Na sua chegada, com Fernando Eugênio Menezes, a estação estava florida e a bandinha tocou animada. Uma pena que tenham acabado com as estradas de ferro no Brasil, e que deixem esqueletos ‘a mostra, como em Dois Córregos. abrss
Passei algumas vezes de trem por esta estação e era uma das mais bonitas no trecho que fazia (Limeira à Adamantina).
É lamentável ver uma construçãod e grande valor histórico neste estado! :(
MINHA FAMILIA DALLA DEA SR> PREFEITO QUE VERGONHA UMA ESTAÇAO ABANDONADA PELO TEMPO PELA FALTA DE CAPACIDADE E HORA DE LEVANTAR DOIS CORREGOS , MEUS TIOS ZORZELA LA DE CIMA ESTAO OLHANDO , LEMBRANDO DOS VELHOS TEMPOS.
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).