Quem passa pela frente do Jam Suites Boutique Hotel, ainda que a pé, dificilmente percebe que se trata de um hotel. Ao contrário de outras casas convertidas em hotel na mesma Calle Malabia, não há nenhuma placa indicando o estabelecimento, isso sem falar nas pesadas portas de metal na entrada, que em um primeiro momento intimidam o hóspede recém-chegado. Essa sensação é dissipada assim que a porta da esquerda se abre, e o simpático corredor se mostra. Ele termina na porta do que mais pode ser chamado de “sala” do que “recepção”, pois é muito difícil sentir-se em um hotel ali. Na conversão do imóvel de casa para hotel, a impressão é de que se tomou o cuidado de manter um ambiente ao mesmo tempo intimista e informal.
Antes de chegar à sala/recepção, é claro que precisei chegar a uma referência do hotel, porque não tive a indicação de ninguém. Fiz a pesquisa no hoteis.com para as datas que eu queria, e o Jam Suites foi um dos primeiros a aparecer — não me lembro se ordenei por preço ou não, mas, sabendo que há muitas opções mais baratas no próprio hoteis.com, talvez tenha sido a sugestão entre “os mais vendidos”. Eu não conhecia o hotel nem tinha ouvido falar dele. As fotos me impressionaram, embora praticamente nenhum hotel seja tão bom quanto suas fotos publicadas. Mantendo isso em mente, fui ao TripAdvisor, onde encontrei resenhas na maior parte favoráveis. Fiz a reserva, pois. Cada noite saiu por cerca de 120 reais. A minha única decepção foi com o hoteis.com, que só informou que seriam cobradas taxas quando o processo de compra já estava bem adiantado e em nenhum momento explicou que taxas eram essas ou como eram calculadas (valor fixo? percentual?). Ainda assim, o custo-benefício pareceu atraente, o que seria confirmado após nossa estadia.
Algumas semanas mais tarde, ao pesquisar novamente no site do hotel, descobri que eles ofereciam um serviço de transfer a partir de Ezeiza, que nos seria muito útil, já que só sairíamos do aeroporto após a meia-noite. Mandei um e-mail perguntando como funcionava o serviço e quais as tarifas, e a resposta veio em cinco minutos. Quando efetivamente fiz a reserva desse serviço, alguns dias depois, a troca de e-mails foi bastante rápida, e o serviço funcionou a contento.
Chegamos ao hotel por volta da 1h30 da manhã, e fomos recebidos pelo funcionário da noite, que abriu o portão para nós e levou-nos direto ao apartamento, sem a necessidade de fazer de uma vez a burocracia do check-in, algo que àquela hora seria ainda mais incômodo que o usual. Ponto para o hotel e sua informalidade.
As sete suítes do hotel não são conhecidas por números, mas por nomes relativos ao jazz. A nossa, uma das três mais simples, tinha o nome de BB Queen. (Atualização em 3/11/2012: O hotel não trabalha mais com quartos de nomes diferentes; agora são apenas três tipos de quartos.) Apesar do nome do quarto, ele não tinha decoração inspirada em música. Mesmo os livros das três prateleiras embutidas tratavam em sua maior parte de política e economia argentinas, não de jazz e jam sessions. O quarto é bem pequeno, assim como seu banheiro, mas tem uma cama box separável com um colchão muito gostoso. A atmosfera do quarto é bastante agradável. A vista dava para o amplo corredor de entrada, com videiras no alto. Não se via a rua, mas dava para contemplar o céu de Buenos Aires, que mais uma vez tivemos a sorte de ver azul.
Quem fica com o quarto dos fundos, no entanto, provavelmente tem a melhor vista de todo o hotel, para o jardim de trás, que parece ser o local ideal para uma leitura de fim de tarde, ao menos para quem precisa descansar um pouco de todas as opções de passeio disponíveis na capital argentina. A própria sala onde é servido o café da manhã — a mesma “recepção” — é bastante aconchegante, com suas mesinhas pequenas ou a opção de usar a grande mesa de centro junto ao sofá. O desjejum em si é simples, mas contém o básico, e o hóspede ainda tem a opção de completar a seu modo com compras de mercado que pode deixar na geladeira coletiva, muito maior que o frigobar de cada quarto.
Além de ser o espaço do café da manhã, a sala também é o coração do hotel. Não é raro ver o dono do local, Luiz, ou algum dos outros funcionários confraternizando com os hóspedes e até dando dicas da região. Enquanto isso, música ambiente no estilo jazz fica tocando em uma altura que não agride quem está na recepção e muito menos quem está nos quartos — ao contrário do toque da campainha ou do telefone, que era bem fácil de ouvir em altas horas ou no início da manhã.
Ao contrário de muito hotel cinco estrelas por aí, no Jam Suites não se cobra nada a mais pelo acesso wi-fi à Internet. Ao menos no quarto onde ficamos, razoavelmente próximo da recepção, o sinal era muito bom e funcionou bem o tempo todo que precisamos. Isso é excelente para quem leva o próprio computador, mas, por outro lado, não há um business center com um computador que o hóspede sem notebook possa usar. Não sei se, pela informalidade do hotel, o computador da recepção estaria disponível para consultas rápidas à Internet, mas é possível usar um dos vários locutórios da região, lugares onde se tem acesso a telefones e computadores com Internet por preços bastante acessíveis aos brasileiros.
O maior problema do quarto é a falta de armários, algo que pelo visto pode ser estendido aos outros apartamentos pelas críticas disponíveis no TripAdvisor e mesmo pelas fotos no próprio site do hotel. Para atenuá-lo, é disponibilizado um cabide vertical que até quebra o galho, mas fica bem longe de resolver. No nosso quarto, servia até como agravante, pois o único lugar onde ele cabia era junto à porta do banheiro, ficando em frente a parte dela, o que ocasionou alguns tropeções. O quarto, na verdade, era tão pequeno que a oferta de “berços disponíveis” que vi no hoteis.com parece difícil de ser cumprida ali. A pia ficava fora do banheiro e não dispunha de muito espaço ao redor da cuba, espaço esse que fica menor ainda quando lá se coloca as toalhas de rosto, já que não há um gancho para pendurá-las na parede ao lado.
Um problema bem menor, que provavelmente passará despercebido à maioria dos que por lá passarem foi a falta de cuidado no acabamento quando da última reforma. As fotos abaixo mostram o que eu notei no nosso quarto. Tal qual um laudo de vistoria, fazem o apartamento parecer muito pior do que realmente é.
Esses detalhes, claro, não influenciam negativamente na minha escolha. Eu indicaria tranquilamente o Jam Suites e ainda pretendo voltar ao hotel, pelo menos enquanto as tarifas estiverem no patamar que encontramos. Eu só evitaria ficar novamente no apartamento BB Queen, por causa de sua pequena área. Talvez valesse a pena gastar um pouco mais para ficar numa das suítes superiores, que para março de 2011 aparecem no hoteis.com entre R$ 169 (Roomba Suite) e R$ 225 (Bernis Master Suite).
Para finalizar esta já extensa resenha, algumas fotos aleatórias das áreas comuns do hotel.
Não conheço Buenos Aires, li com mais interesse quando a referência foi o jazz. E pensei quando você falou da música ambiente no estilo jazz tocando em uma altura suave e não tive dúvidas: com certeza devem ter tocado Billie Holliday, que gosto muito.
abs
É perfeitamente possível, embora eu pouco conheça de jazz e não tenha ficado mais do que alguns poucos minutos na recepção (incluindo o tempo dos dois cafés da manhã que tomamos por lá). Entre os discos que aparecem em uma das últimas fotos ela não está, mas, claro, há muito mais discos por trás dos visíveis, e o repertório que tocava vinha do computador, não de uma vitrola.
E eu que fui em maio e nem resenhei minha viagem e nem o hotel ? rsrs
Boa resenha! Gostei do lugar, acho que cheguei a vê-lo quando pesquisamos… uma boa opção… Mas acho que na próxima vez ainda vou ficar no mesmo, na Defensa com Estados Unidos.
San Telmo também deve ser um bairro interessante para se ficar, mas Palermo combinou muito conosco, porque a Mel estava próxima — muito próxima, aliás — dos outlets para fuçar e fazer compras, e eu estava próximo de duas linhas do metrô e uma de trem, embora tivesse de caminhar pelo menos uns 15 minutos para chegar a qualquer uma delas. Aliás, ainda preciso escrever as “resenhas” sobre a viagem em si e sobre o nosso longo passeio de trem/metrô.
O que mais gostei nesse hotelzinho foi o gosto do dono pelo blues! Vou dar um jeito de ficar lá quando eu finalmente tiver tempo de ir à Argentina! =)
Obrigada pela resenha. Farei uma conexão em Buenos Aires que demorará 10horas e escolhi o quarto Queen deste hotel para dar uma descansada (só preciso de uma cama limpa, então o tamanho não vai ser problema e já que pretendo deixar as malas direto com a aerolíneas, ou num locker no aeroporto). Foi útil principalmente saber que a recepção efetivamente funciona 24 horas (meus vôos chegam e partem do Aeroparque às 20:50 e 07h).
Olá, Carolina. Que bom poder ter ajudado. Se seus voos realmente serão no Aeroparque, a localização do Jam Suites é uma boa pedida para você. Sempre há algupem na recepção, e a burocracia é zero, ainda mais se você tiver, como eu, efetuado sua compra pela Internet. Como não sei a data da sua viagem, só recomendo que você confirme o aeroporto, pois o Aeroparque estará fechado até o início de dezembro.
Obrigada, Alexandre, o vôo será próximo ao Natal e pelo que eu vi a reabertura será no início do mês mesmo (http://www.jornaldeturismo.com.br/noticias/aviacao/36550-aeroparquefechado.html). Por ser no aeroparque é que imagino ser viável ir jantar na região e descansar um pouco.
Fiquei um pouco preocupada por alguns comentários no tripadvisor, mas seu post foi muito lúcido e serviu para me tranquilizar quanto aos dois pontos mais importantes:
a) recepção 24h
b) a cama ser limpa
Pergunto: vão sair mais algumas resenhas sobre a viagem? De repente eu aproveito alguma de restaurante da região, rsrsrs, então vou ficar na torcida.
Valeu!
A previsão inicial da reabertura do Aeroparque era 1 de dezembro, mas já li em algum lugar que teria sido adiado em alguns dias. Não consegui confirmar essa informação, então era bom só dar uma conferida mais para a frente para ter certeza — o seguro morreu de velho, e a partir de Ezeiza é uma pernada.
Já sobre restaurantes vai ser difícil. Pegamos uma virose do nosso filho, que atacou justo no dia da viagem, e nossas aventuras gastronômicas foram extremamente limitadas em Buenos Aires. Para você ter uma ideia, a única carne que comemos foi frango grelhado. Nem vinho pudemos tomar! De qualquer maneira, há muitos restaurantes realmente perto do hotel, deixando várias opções para um bom jantar. Mas ainda vêm posts sobre passeios. Pena que, pela sua curta estada por lá não vai dar para curtir a cidade.
obrigada, Alexandre, vou ficar de olho no aeroparque!
e que pena pelo seu filho, espero que vocês possam aproveitar vinhos e comidinhas menos ‘saudáveis’ numa próxima. Nesta, BsAs para mim só na noite e madrugada mesmo, pra não tirar nenhum brilho da Patagônia que é o destino final.
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).