Fui assistir ao filme Soberano, documentário que conta a história das seis conquistas nacionais do São Paulo. Como era de se esperar, a grande maioria da audiência era formada por são-paulinos, e as únicas exceções que pude notar foram algumas namoradas torcedoras de outros times acompanhando são-paulinos. Talvez por causa do frio — havia muita gente de casaco —, não vi muitas camisas do São Paulo. Mas eu estava lá com a minha retrô de 1981.
O filme era o que eu esperava. Ao contar a história dos dois primeiros títulos, de 1977 e 1986 (que, curiosamente, foram conquistados respectivamente em 1978 e 1987), ele conta com uma grande colaboração do “enredo”, porque no primeiro o São Paulo entrou como zebra e ganhou nos pênaltis depois de perder as duas primeiras cobranças e no segundo empatou a partida no último minuto da prorrogação, forçando a decisão por pênaltis, onde mais uma vez saiu vitorioso. Esse gol na prorrogação foi especificamente o momento mais emocionante do filme para mim, porque foi um lance bastante insólito, que começou com um chutão a partir da defesa quando tudo parecia perdido. Já no título de 1991 a ênfase é dada em Telê Santana, mesmo com um longo depoimento de Raí. A relação da torcida são-paulina com Telê é uma das coisas mais bacanas de ser são-paulino. A final desse ano é a que tem menor destaque, justamente pelo tempo dedicado ao técnico, mas é uma decisão mais do que acertada.
A partir daí, vem o tricampeonato de 2006, 2007 e 2008. Os dois primeiros não têm um grande clímax, então o foco é a campanha como um todo, o que não aconteceu nos títulos decididos em finais. Em 1977, apesar de o documentário mostrar três gols da campanha, praticamente só se fala na final, algo que se repete em praticamente todas as referências sobre esse campeonato — por isso que contei a história da campanha inteira em reportagem para Placar em 2008, que pretendo transformar em livro. Contrastando com isso, o título de 2007 trata dos números da defesa ao longo do ano e mostra vários gols que construíram aquele título jogo a jogo. O de 2008, ao contrário dos dois anteriores, é lembrado pela arrancada impressionante do time, que chegou a ficar onze pontos atrás do líder a dezoito rodadas do final. Cenas de vários jogos do segundo turno são mostrados, com a posição e pontuação do time, mas isso pouco serve para ilustrar a reação, pois falta uma tabela de classificação, que poderia ser usada ainda que simplificada, para se entender como foi a subida.
Com boa parte dos melhores momentos das três últimas conquistas disponíveis no YouTube e mesmo em DVDs oficiais produzidos pelo São Paulo e pela Rede Globo, o documentário vale especialmente pelas imagens dos três primeirs títulos, mais raras. Já li resenhas sobre o filme dizendo que ele pode até ser recomendado a não-são-paulinos. Discordo. O filme nem é tão ufanista assim, mas tem um tom de exaltação que fica longe de deixá-lo imparcial. Há ainda gols de diversos outros torneios (por exemplo, do primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de 1991 e dos dois jogos da final do Paulistão de 1992), embora sem identificação de que não fazem parte do Campeonato Brasileiro cuja história é contada naquele momento. Não sei se foi proposital, mas nenhum dos gols foi em Libertadores ou em Mundiais.
Essas conquistas, aliás, acabam mencionadas apenas de passagem, o que sugere no mínimo mais um filme no futuro. Espero que, nesse caso, escolham um título melhor que “Soberano”, que soa arrogante demais…
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).