Muitas das vacinas que demos no meu filho Guilherme logo depois que ele nasceu não estavam disponíveis na rede pública, então tivemos de dá-las em algum centro de vacinação particular. Optamos por um que fica na subida da Rua do Paraíso, razoavelmente perto de casa. Esse trecho que marca a descida para a Aclimação, apesar de tão próximo, é um lugar que eu sempre explorei muito pouco. Numa das viagens ao centro de vacinação, passei pelo cotovelo da esquina das ruas Dr. Eduardo Amaro e Artur Saboia, e o mirante que existe ali chamou minha atenção. Premeti a mim mesmo voltar lá para fotografar. Demorou alguns meses para eu voltar, mas finalmente pude fazê-lo ontem.
A Rua Artur Saboia, na verdade, continua além do mirante, formando um curto trecho de um quarteirão sem saída a partir da Rua do Paraíso. As duas partes da via são ligadas por uma dessas escadarias que seriam uma grande ideia se não ficassem sempre abandonadas. Esta, por exemplo, cheira a urina e tem muito lixo amontoado, isso sem falar nas rachaduras e pastilhas faltantes.
Apreciar a vista do mirante não é tão simples. As árvores no terreno íngreme logo abaixo (bananeiras?) fizeram com que eu fosse obrigado a subir na mureta para eu poder fotografar a Aclimação. Apesar de não ser possível avistar muito longe, o mirante é privilegiado justamente porque o “paredão” de prédios não fica tão perto. Na primeira foto deste texto, lá em cima, que é a vista para o leste (a Aclimação propriamente dita), o paredão não é tão uniforme e bastante distante. Na foto abaixo, a vista é mais para o norte/nordeste, na direção da Liberdade, e o paredão, implacável, traz o horizonte para muito próximo. Ainda assim, o núcleo de casas nem tão baixas torna a visão menos intimidadora.
Após fotografar o mirante, minha intenção era seguir para a Rua Apeninos, onde eu tinha notado uma casa interessante no dia anterior. Enquanto eu dava a volta, vi esse simpático sobrado na esquina das ruas Arujá e Chuí. Tendo como fundo esse céu azul que em São Paulo só aparece no inverno, não fotografá-lo seria impossível.
A casa que eu queria fotografar na Rua Apeninos é esta, que fica a poucos metros da esquina com a Rua Arujá, à direita da última casa da foto. Parece ser um casarão antigo completamente reformado, mas pode também ser uma construção nova feita com algum material de demolição. De qualquer maneira, o resultado ficou estranho. Não ficou exatamente feio, mas parece faltar harmonia entre o novo e o antigo. Além da porta, chama a atenção — embora eu tenha certeza de que a esmagadora maioria dos que passam por lá não nota — o detalhe acima dela, destacado na segunda foto.
Ainda houve tempo para encontrar esta bela casa na Rua Castro Alves, quase na esquina com a Rua Urano, que hoje abriga uma loja. Ao menos está bem cuidada e mantém sua imponência original.
A própria Rua Castro Alves já fica em uma área que pode ser encarada como Paraíso, Liberdade ou Aclimação, o que significava o fim do passeio pelo rumo que estávamos tomando. Mas, deixando o Paraíso para trás, ainda vi mais um assunto que merecia fotos, até porque talvez daqui a alguns dias já seja tarde demais para consegui-las. Na Rua Tamandaré, pouco além da esquina com a Rua Professor Antônio Prudente, esta bela casinha agoniza. A demolição é recente, tanto é que no Google Maps ela ainda aparece com telhado, mas as fotos abaixo comprovam que pouco resta da casa. Talvez ela dê lugar a um edifício com nome francês ou a um lindo estacionamento. Mas a única certeza é que agora ela é pauta já virou pauta para o site São Paulo Abandonada.
Estou curtindo demais estes seus passeios por Sampa, sabia! :wink:
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).