Pseudopapel

Da Barra Funda à Luz pela Linha 7 da CPTM

Torre da Estação Júlio Prestes

Milhares de pessoas por dia que passam pelo trecho da Linha 7-Rubi da CPTM entre as estações Barra Funda e Luz. Ainda assim, poucas dessas pessoas reconhecerão todos os pontos fotografados abaixo. Isso não se deve apenas à correria do dia a dia, que impede olhares mais aprofundados sobre o que está à nossa volta. Talvez o principal motivo para essas paisagens passarem despercebidas seja a lotação do trem — como as janelas são baixas, quem está de pé quase nunca tem como ver além do que estiver muito próximo do trem.

No dia em que fiz estas fotos (13 de maio), o céu não estava tão bonito quanto no dia anterior, quando, sem a câmera, fiz apenas anotações mentais sobre o que queria fotografar. Estas fotos também são limitadas apenas ao lado direito do trem, contemplando a Barra Funda e os Campos Elíseos. O outro lado, contemplando o Bom Retiro, eu fotografara alguns dias antes, e também pretendo mostrar por aqui.

Os prédios da foto abaixo quase dão a impressão de terem sido “cortados ao meio” pela linha do trem, apesar de eles serem muito mais novos que os trilhos. Chamam a atenção as janelas voltadas para a linha, especialmente as grandes à esquerda, que devem ter uma vista panorâmica do vaivém dos trens.

Não muito depois dos prédios, uma estrutura, possivelmente uma nova passarela, é erguida na altura da antiga estação Barra Funda da Santos–Jundiaí.

Pouco mais adiante, vê-se uma passarela, tomada por pichações, ao invés de pedestres. Certamente subutilizada, não aparenta ter segurança para quem se aventurar por ali. Será esse o mesmo destino da possível futura passarela anterior?

Um córrego tão poluído quanto esquecido surge às margens da ferrovia, já para os lados ds Campos Elíseos. Creio que seja neste ponto do Google Maps. Chama a atenção também a construção abandonada à esquerda. O que terá sido?

As fotos seguintes são de um conjunto que talvez tenha sido de armazéns ferroviários um dia, ao lado do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, que liga as avenidas Rudge e Rio Branco. Como tantos edifícios abandonados em São Paulo, tem algumas de suas portas cimentadas. E, apesar do estado de conservação e das inúmeras pichações, consegue manter-se imponente e bonito. Vendo pelo Google Maps, é difícil até perceber que existe alguma coisa ali, pois só sobraram as paredes. Em algumas estações e trens da CPTM ainda é possível ver mapas da linha desatualizados, onde constam projetos de que hoje nem se fala mais. Um deles é uma suposta “Estação Bom Retiro”, que só se sabe que ficaria entre as estações Luz (e Júlio Prestes) e Barra Funda. Se o projeto tivesse saído do papel, não duvido que a estação ficaria por aqui. Quem sabe até usando esses prédios?

Já abaixo do viaduto (é possível ver no canto esquerdo da foto anterior), começa uma favela perigosamente próxima à linha. Não sei se é só por causa dela, mas nesse trecho as composições da Linha 7 andam em velocidade bastante reduzida.

Este prédio foi “fagocitado” pela favela e parece estar inteiramente tomado. Passando por ele à noite, vê-se que há luz elétrica em quase todas as janelas, mesmo nos andares mais altos. Não sei o que era este prédio originalmente, pois ele fica em uma estreita faixa entre as linhas 7 e 8 da CPTM. Na segunda foto, destaca-se uma placa usada como persiana improvisada, onde se lê “Obras na transversal”.

A partir do suposto armazém, as linhas 7 e 8 permanecem correndo paralelas, mas passam a fazê-lo separadamente. Na foto abaixo, percebe-se que a Linha 8 segue por um “corredor” de prédios logo após passar por cima da Rua Silva Pinto.

O final da plataforma da Estação Júlio Prestes, na Linha 8. Os trens da Linha 8 são muito mais compridos que os usados na Linha 7. Na Estação da Luz, os trens de oito vagões da Linha 7 (há os de seis) ficam com um pedaço para fora da gare, mas não tanto como os da Júlio Prestes. Na segunda foto, um pedaço da Júlio Prestes ainda é visto no canto superior direito. Por falar nela, a torre da estação, atrás do horrível estacionamento de concreto que colocaram ao lado da Linha 7, aparece na foto que abre este texto.

Por fim, a viagem é encerrada com um paredão de tijolos já na Estação da Luz, que comprova que nem todo paredão tem de ser feio como os de concreto que têm sido a moda desde os anos 1970.

6 comentários

Cris (19)

Um bom relato. Pegou o trem nesse dia só pra fazer as fotos? Vai fazer isso em outras linhas e trechos?

8 de junho de 2010, 9:04

Alexandre Giesbrecht

Este é um trecho que eu pego quando dá tempo — isso apesar de ele ser mais curto que a outra opção. Eu até pretendo fazer com outras linhas, só não tenho previsão para isso.

8 de junho de 2010, 9:30

menon (1)

parabéns pelo belo blog. vou acompanhar. e te espero no bolão lá no http://www.blogdomenon.blogspot.com

9 de junho de 2010, 18:52

Daisy Schmidt (10)

Super legal seu relato e as fotos estão maravilhosas. Parabéns

13 de junho de 2010, 1:06

Flavio Renato (1)

Muito bacana o relato e as fotos, Parabéns.
A primeira vez que fiz o trajeto de trem da Barra Funda á Luz foi em 2003, a minha última ida a SP.
Sou Paulistano, mas resido agora em Londrina/PR.
O que me deixa triste ainda, são as pichações por todos os lados, emporcalhando a cidade. Em Londrina não existe isso, todos os arranha-céus estão intactos.

28 de novembro de 2010, 16:14

Alexandre Giesbrecht

As pichações realmente são uma pena. Parece que há gente, muita gente, que não pode ver uma parede com tinta nova que precisa estragá-la.

28 de novembro de 2010, 20:16

Escreva seu comentário

Nome:
Obrigatório.
E-mail:
Obrigatório; não será publicado.
Website:
Comentário:

Busca

RSS

Assine aqui.

Tempo de resposta

80 queries em 2,099 segundos.

Licença

Textos e fotos aqui publicados são liberados em Creative Commons sob a licença Attribution 3.0 Unported. Isso significa que podem ser usados em qualquer projeto, comercial ou não, desde que sejam creditados como "Alexandre Giesbrecht". Um link para cá é bem-vindo, assim como um aviso de que o material foi usado.

Quem?

Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).

Outros projetos

Links