Não sou engenheiro e quero crer que todas as linhas já concluídas, em construção ou em projeto do metrô tiveram estudos de viabilidade e coisa e tal. Isto posto, é difícil para mim entender por que as novas linhas divulgadas sempre se ligam às já existentes no meio. Desde que foi inaugurada a atual Linha 3-Vermelha, a segunda do sistema apesar da numeração, as baldeações são sempre no meio da linha mais antiga. Não dá para ser mais central do que uma estação na Praça da Sé. Pouco mais de uma década depois, a Linha 2-Verde foi inaugurada, ligando-se à Linha 1-Azul pouco mais ao sul da Estação Sé, nas estações Paraíso e Ana Rosa.
A Linha 4-Amarela, que demorou muito, mas muito mais do que o inicialmente previsto, ligar-se-à à Linha 1 na Estação da Luz, pouco mais ao norte que a Sé; à Linha 3 na República, pouco mais a oeste da mesma Sé; e à Linha 2 na Consolação, a três estações do extremo oeste dessa linha, na Vila Madalena. Desta maneira, pela primeira vez existirá um “anel” formado apenas por estações do metrô, sem ser necessário acessar o sistema da CPTM para isso. Ainda assim, é muito pouco, e ainda por cima central demais.
O problema desse sistema centralizado é que as estações de baldeação já são as de maior movimento. Nos horários de pico, são as que concentram enormes filas, com os passageiros obrigados a esperar dois, três, quatro, cinco trens para poder embarcar. Isto ocorre porque os trens já chegam lotados a essas estações. Um bom exemplo é a Estação Paraíso, onde os usuários que seguirão no sentido Tucuruvi se aglomeram nos “currais” aguardando sua vez para entrar em um vagão já lotado — não só pela quantidade de pessoas, mas também pela insistência de muitos em se postar na região das portas ao invés de nos corredores. A coisa melhora um pouco na Sé, quando mais pessoas saem (a grande maioria para fazer baldeação para a Linha 3) do que entram, e melhora ainda mais na Luz, a última baldeação da linha nesse sentido. A situação é parecida em todas as outras estações com baldeação.
Ainda que se crie novas estações de baldeação, como a São Joaquim, que deverá ser um dos extremos da futura Linha 6-Laranja, isso talvez só alivie (um pouco) a situação nas plataformas, já que os vagões seguirão passando lotados. A concentração do “grosso” do movimento continuará sendo nas mesmas estações ou muito próximo delas.
De novo, não sou engenheiro e não fiz nenhum estudo técnico a respeito. Baseio o que estou escrevendo apenas nas minhas observações diárias do sistema e num suposto bom senso. O que acho que está faltando é “ligar as pontas”. Dar novas opções aos usuários além de passar obrigatoriamente pelo congestionado miolo do sistema, seja para fazer baldeação ou não. Outra necessidade é a criação de uma linha paralela à já saturada Linha 1. A linha já está saturada em grande parte por causa das baldeações, que até a Linha 4 ser completada ainda são feitas todas ali.
Há inúmeras opções de percursos para essa eventual nova linha, e um estudo técnico “de verdade” seria muito mais indicado do que o chute de um leigo. Num caminho ligeiramente tortuoso, mas que segue razoavelmente paralelo à Linha 1, posso citar diversos bairros e regiões ainda carentes desse tipo de transporte, como Mandaqui, Limão, Casa Verde, Pacaembu, Itaim-Bibi, Jardim Paulista, Moema, Aeroporto, para ficar apenas nos bairros mais centrais — nos mais periféricos, se eu fosse listar, teria de listar praticamente todos. Uma ligação com a Linha 1 na Estação Jabaquara efetivamente ligaria as primeiras pontas do sistema.
Mas, se até hoje não se falou em ligação de pontas ou em uma linha paralela à Linha 1, não tenho grandes esperanças de vê-la em meu tempo de vida. Os atuais projetos das linhas 15, 16 e 17, por exemplo, não deverão sair do papel antes da próxima década, isso se de fato vingarem, e nenhum dos dois contempla essas opções. O que não entendo é por que essas alternativas não são considerada. Mesmo que as regiões por onde as eventuais novas linhas passassem já fossem bem atendidas pelo transporte público — não são —, serviria para desafogar o sistema, cada vez mais saturado.
É que talvez não interesse desafogar o sistema…
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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).