Pseudopapel

Antes e depois: Viaduto Major Quedinho

viaduto-major-quedinho-2012

No último domingo 25 reportagem de Andressa Taffarel na Folha de S. Paulo trouxe algo que é fácil constatar-se dando um pulo nas bancas de jornal do centro paulistano: os cartões postais à venda são geralmente dos mesmos lugares, como a Avenida Paulista e o prédio do Banespa. “Se não for óbvio, encalha”, disse o fotógrafo uruguaio Roberto Stajano à reporter. Esse foi um dos motivos por que comprei um postal antigo com o Viaduto Major Quedinho como personagem, quando o vi no Mercado Livre, por acaso, durante uma busca por imagens daquela via. É uma foto que eu não conhecia (abaixo), provavelmente dos anos 1940, tirada a partir do trecho em que o viaduto passa sobre a Avenida Nove de Julho, em direção à Praça da Bandeira. A paisagem mostrada no cartão foi usada pela Sylvinha para convidar a Ione a uma viagem para São Paulo. Quem são? Não faço ideia. No verso do cartão, um texto com personagens que permanecerão anônimos para sempre: “Ione. Que este belo viaduto lhe sugira uma visita a São Paulo. Abraços de Sylvinha.” Sem data, sem sobrenome, sem endereço — o cartão deve ter seguido dentro de um envelope.

Quem for ao viaduto hoje encontrará uma paisagem razoavelmente semelhante, mas boa parte do que aparece no cartão além do Viaduto Nove de Julho (o viaduto onde passam os ônibus nas duas fotos, que é vizinho do Major Quedinho) está hoje encoberta por edifícios mais novos. Ainda é possível avistar o prédio do antigo Hotel Cambridge/Claridge (na foto antiga, o prédio mais à esquerda), o Edifício Brasilar (que na foto antiga aparece com um anúncio em seu topo), o Prédio 9 de Julho (o prédio baixinho entre ambos), o Banespinha, atual sede da Prefeitura (escondido atrás do Brasilar), e o Edifício Paulista de Seguros (que na foto de 2012 aparece ao lado do paredão amarelo, que é do Edifício Joelma). O restante dos prédios que já se destacavam no horizonte nos anos 1940 foi engolido por ainda mais prédios. O próprio Viaduto Major Quedinho não sobreviveu incólume: é visível a diferença de seu muro, cuja parte superior na esquerda da foto de 2012 encontra-se suprimida.

Hoje duvido que seja possível encontrar um cartão postal com o Viaduto Major Quedinho. E, mesmo que se o encontre, ele certamente não será usado como convite para uma visita a São Paulo.

Cartão postal com o Viaduto Major Quedinho nos anos 1940

2 comentários

gilberto maluf (66)

A foto antiga do viaduto Major Quedinho é bonita e nostálgica. Quando vi as fotos das laterais com as escadarias, me lembrei de um viaduto da av. Gal. Olimpio da Silveira que passa sobre a Av. Pacaembu. Ou pelo menos na imediação, preciso passar por lá para lembrar.
Em 1975 tinha um projeto do traçado do Metrô e uma das alternativas era perto desse viaduto. Ao ir ao arquivo de pontes e viadutos da prefeitura fiquei sabendo de algo interessante sobre o viaduto.
Normalmente as pontes são protendidas. Mas as antigas, de vão não muito extenso, e que não eram protendidas, levavam muita ferragem para sua sustentação. Mas a do Pacaembu tinha um sistema de contrapeso. Ou seja, um bloco de cada lado sustentava toda a estrutura.
Se for tentar fazer qualquer coisa por lá, há que se ter cuidado.
Sei que o viaduto é outro, mas por curiosidade escrevi sobre ele.

1 de abril de 2012, 12:14

Adriano Matos (4)

O contraste das imagens é impactante !
Notei uma diferença na emenda do viaduto, deve ter sofrido alguma reforma.
Parabéns pela pesquisa e foto !

2 de abril de 2012, 16:17

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Alexandre Giesbrecht nasceu em São Paulo, em abril de 1976, e mora no bairro do Bixiga. Publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, é autor do livro São Paulo Campeão Brasileiro 1977 (edição do autor).

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